domingo, 26 de junho de 2016

A MELHOR CENA ESCRITA ATÉ O MOMENTO

JUÍZA: Vamos agora para o caso 2356. O marido acusa a mulher de infidelidade. Peço ao júri que acompanhem atentamente para votação posterior.
Com a palavra a parte acusadora:
Advogado do Marido (AdM): Meretíssima. [faz uma reverência], senhores e senhoras do júri [outra reverência]. Como todos devem saber o casamento é um contrato entre o marido e a esposa. E se me premitem ressaltar: um contrato sagrado, pois duas almas firmam um acordo. E muito mais que isso: firmam uma união por toda a vida perante Deus.
[o júri se manifesta positivamente]
Uma UNIÃO que, para manter-se sólida, necessita de confiança, respeito, fidelidade. Sendo está última, caros companheiros, não foi; eu repito: não foi honrada por parte daquela mulher que não merece ser nomeada de esposa [aponta dramaticamente o dedo acusador para a esposa].
Esposa: [chora]
AdM: Ora não me venha com essas lágrimas! Lágrimas de um criminoso! Um criminoso que será finalmente desmascarado.
[tumulto no júri; pessoas cochichando; a juíza bate o martelo]
JUÍZA: Silêncio! Silêncio! Ordem [dirigi-se para o advogado de acusção] A parte acusadora possui alguma prova?
AdM: Claro meretíssima! Temos aqui foto, gravação de ligações e um filme.
JUÍZA: Bom. Então vejamos essas provas.
AdM: Aqui está a prova A. Esse retrato foi encontrado na gaveta da esposa!
JUÍZA: Mas..
AdM: Alguma coisa errada, juíza?
JUÍZA: Não. Eu só achei que nessa foto estaria registrado o flagrante de um delito ou algo do gênero..
AdM: Mas o pior ainda está por vir! Apresento-lhes a prova de número B!
JUÍZA: Mas B não é um número.
AdM: É sim meretíssima! É o número da B-esta. O número que ela ligou às seis horas do dia seis de junho! Esse número pertence ao amante. Ouçam:
LIGAÇÃO: tuuuuu..tuuuuu..Atende por favor. tuuuuu...
AdM: Ouviram? Esse é o som da traição! O som do pe-ca-do.
JUÍZA: Mas não existe nenhum diálogo comprometedor nessa gravação.
AdM: [pulando ensandecidamente] Só que agora nós iremos para a prova C. C de covardia. C de castigo. C de culpa. A culpa que essa mulher deveria sentir por fazer isso. [aperta o play do vídeo]
[o vídeo mostra a mulher na cozinha chorando]
Advogado do Esposa (AdE): Meretíssima, protesto! Tenha santa paciência. Essas “provas” – se é que se podem chamar assim – não provam nada!
JUÍZA: Aceito. É...a parte acusadora tem alguma testemunha?
AdM: Claro, juíza. Chamo agora o corn..o marido!
[o júri cochicha]
JUÍZA: Ordem! Ordem! Por favor. Ordem [bate com o martelo]
AdM: O senhor jura dizer a verdade, somente a verdade, nada além da verdade mesmo que seja mentira?
Marido: Como?
AdM: À vontade. Digo.. verdade. Somente a verdade?
Marido: Claro
AdM: Onde o senhor estava às onze horas do dia de hoje?
Marido: Aqui no tribunal. São 11:15 agora.
AdM: Por favor, atenha-se à pergunta e somente a ela.
Marido: Tudo bem.
AdM: Qual o tipo de ligação que você tem com aquela mulher?
Marido: É...É minha esposa, mas o senhor já sabe disso.
AdM: Senhor, por favor, apenas responda a pergunta.
Marido: Tudo bem. Mas...
AdM: Quando o senhor descobriu que ela estava lhe traindo?
Marido: Mas eu não...
AdM: Com quantos homens ela esteve?
Marido: Bem...
AdM: É verdade que numa floresta o senhor seria o alce-chefe? Supondo que três homens vão à sua casa por dia; dentro de um mês...
AdE: Protesto! O que isso significa?
[o júri, mais uma vez, cochicha]
JUÍZA: Ordem! Ordem! Advogado, faça uma pergunta por vez.
AdM: Perdão meretíssima. É que certas coisas me deixam nervoso. Quando vejo um caso desses eu fico..[respira de forma cansada]
JUÍZA: Prossiga.
AdM: Então. Conte exatamente o que aconteceu no dia em que você descobriu que sua mulher estava lhe traindo.
Marido: Bom..foi a um mês. Eu estava voltando do trabalho pra casa.
AdM: Cansado. Com toda a certeza, num é verdade? Por ter de sustentar a mulher e a casa. É realmente desgastante.
Marido: Na verdade ela também trabalha. Nós dividimos as contas da casa.
AdM: Ah... Correto. Correto. Continue.
Marido: Então eu cheguei em casa e ela não havia chegado.
AdM: Absurdo! Amigos do júri, por favor, o desenho do crime está sendo construído diante de nossos olhos. Tarde da noite! E a esposa ainda não havia chegado. Foram essas as palavras.
Marido: É...ela não tinha chegado porque trabalha à noite.
AdM: Ah! Com certeza. Prossiga.
Marido: Então uns trinta minutos depois ela chegou – como era esperado – mas veio acompanhada de um homem.
AdM: Meu Deus do Céu! Não fale mais nada! Alguém chame um guarda para prender essa criminosa!
AdE: Protesto! Ele está xingando minha cliente!
JUÍZA: Aceito. Advogado, modere suas palavras.
AdM: Perdoe-me meretíssima, mas eu não consigo me calar ante tal atrocidade.
[o júri mais uma vez só no burburinho]
JUÍZA: Um momento! Um momento! Ordem. Prossigamos com o testemunho.
Marido: Bem..o homem que estava no carro era o pai dela que veio passar o fim de semana conosco.
AdM: Bem..É..Sim..Mas é claro. Evidente. Continue. Pode continuar.
Marido: Então no outro dia, por acaso, achei esse retrato na gaveta dela. Eu não sabia o que fazer então falei com o Senhor.
AdM: Com Deus?
Marido: Não. Eu falei com o senhor. Eu lhe chamei e pedi ajuda.
AdM: Ah! Sim Claro.
Marido: Tivemos uma conversa e o senhor me disse para aguardar um pouco...para apurar fatos. E na semana seguinte recebi um telefonema anônimo dizendo que minha mulher estava tendo um caso.
AdM: Um telefonema anônimo! Isso esclarece tudo. Sem mais perguntas.
AdE: Protesto!
AdM: Mas você só sabe falar isso? Quem foi que escreveu sua fala?
AdE: [pigarreia] Um momento. Isso não esclarece nada. Quem deu esse telefonema? E por quê?
[júri alvoroçado]
JUÍZA: Ordem. Ordem. A parte da defesa tem a palavra. [bate com o martelo]
AdE: Obrigado meretíssima. Eu chamo ao banco a esposa. Jura dizer a verdade, somente a verdade nada além da verdade até que a morte os separe?
Esposa: Como?
AdE: Claro. É...a verdade. Jura dizer a verdade?
Esposa: Juro.
AdE: Sejamos direto. A senhora traiu o seu marido?
Esposa: Não. Nunca.
AdM: Ah! Por favor! Precisamos de alguém que fale a verdade aqui. Eu me chamo para testemunhar. Onde eu estava na noite de quinta-feira às onze e meia da noite da última semana? Ah meu Deus! Eu não lembro! Lembre desgraçado! Eu protesto! Negado!
[júri mais uma vez avexado que só a muléstia dos cachorro doido]
JUÍZA: Ordem! Ordem no tribunal! [bate com o martelo] Senhor advogado, componha-se. Isso aqui não é nenhum circo. Advogado de defesa, continue.
AdE: Pois bem. Senhora, de acordo com as “provas” anteriormente apresentadas vamos esclarecer alguns pontos: quem é essa pessoa no retrato?
Esposa: É alguém que eu conheço.
AdE: Mas quem é?
Esposa: [chorando] Eu não posso.
AdE: Minha senhora, por favor. Precisamos esclarecer algumas coisas aqui. Por que a senhora estava chorando naquele vídeo?
Esposa: [chora mais]
AdE: Pra quem a senhora tentava ligar naquele momento?
Esposa: Ah! Meu Deus eu não posso...
AdE: Não pode o quê?
Esposa: [chora mais como se não houvesse amanhã]
AdE: Meretíssima, minha cliente não tem condições de continuar. Eu peço uma pausa.
AdM: Protesto!
JUÍZA: Essa fala é do outro..quero dizer. Negado. Vamos fazer um intervalo. Dentro de quinze minutos voltamos.

JUÍZA: Pois bem. O advogado vai continuar com o testemunho da esposa?
AdE: Não meretíssima. Acabei de receber essa pasta sem remetente. É...Então eu chamo agora: o marido.
JUÍZA: Aproxime-se
AdE: Jura dizer a verdade?
Marido: Somente a verdade, nada além da verdade?
AdE: Juro. Quero dizer...isso mesmo. Você jura?
Marido: Juro.
AdE: Ótimo. Então o senhor trabalha?
Marido: Sim, mas o senhor já sabe disso.
AdE: Por favor, atenha-se à pergunta e somente a ela.
Marido: Tudo bem.
AdE: Que tipo de trabalho?
Marido: Fotógrafo. Mas o que isso...
AdE: Senhor, por favor, apenas responda a pergunta.
Marido: Tudo bem. Mas...
AdE: E é fotógrafo de modelos, certo?
Marido: Sim...
AdE: E são belas mulheres. Como essa loira da foto, ou essa ruiva e que tal essa morena? [fala enquanto joga fotos de mulheres na mesa]
Marido: Eu não estou entendendo.
AdE: Não está entendendo?! O senhor conhece essas mulheres, correto?
Marido: Sim..
AdE: E não é verdade que o senhor teve caso com todas elas?!
[o júri se espanta; uma mulher desmaia; a esposa chora]
AdE: Temos a prova A, prova de número B e a prova C de culpa! Está tudo aqui! Fotos, gravação de ligações e filme!
[o júri cohicha; a esposa chora]
JUÍZA: Ordem no tribunal! Ordem! [bate com o martelo]
AdM: Meretíssima, eu protesto!
JUÍZA: Não sei sobre o quê o senhor protesta, pois todas essas provas são legítimas.
AdM: Minha cara juíza. Pessoas do júri. Tudo bem, tudo bem. É verdade que meu cliente traiu 15 ou mais vezes sua esposa? Sim. É verdade. Mas essa não é a questão!
AdE: Como assim essa não é a questão? É claro que essa é a questão!
AdM: Errado! Estamos aqui para julgar o ato de infedilidade daquela mulher! [novamente aponta o dedo dramaticamente para a esposa]
AdE: O infiel é o marido!
AdM: Ora! Tenha santa paciência senhor advogado. Todos sabemos que transar com outra pessoa, enquanto casado, não é infidelidade.
AdE: Mas é claro que é!
AdM: Não. Não é. A traição está nos sentimentos. Os casos que o marido teve foram motivados apenas por atração física e não passaram de uma noite. Era puro e simples desejo carnal. Entretanto, a esposa claramente estabeleceu uma ligação sentimental com outra pessoa, o que afeta a estrutura da relação matrimonial.
[cochicho no júri]
AdE: Mas isso é um absurdo sem tamanho. Traição é traição. (Romance é romance, amor é amor e um lance é um lance (8 ). Não importa o nível!
[cochicho não para]
JUÍZA: Ordem! Ordem e progress..Ou melhor: Ordem! Bom, eu sinceramente não sei como continuar, pois...
Esposa: Mas eu sei. Diante desses fatos não é necessário esconder mais nada. Vou contar tudo.
[e o júri se espanta]
JUÍZA: Muito bem então. A senhora jura dizer a verdade e blá blá blá?
Esposa: Eu juro. [suspira fundo] Quando cheguei em casa acompanhada do meu pai, tinha uma coisa muita importante pra dizer ao meu marido. Meu pai não foi apenas nos visitar, ele ia me apoiar nessa tarefa; mas eu não consegui. Passou o fim de semana e nos dias que se seguiram eu estava muito angustiada. Eu precisava revelar esse segredo. Liguei para o meu pai, mas ele não estava. Passei um tempo chorando na cozinha depois que recebi a notícia que tinha que vir ao tribunal, pois meu marido desconfiava que eu o traía. Pensei em dizer tudo naquele momento, mas fui fraca. Só que agora...depois disso tudo; eu estou pronta. A verdade (João Kléber) é que...

eu era homem.
TAN! :O [AiMeuDeusDoCéu!!!! Quem escreveu isso???? AAAAAAAAAAAAAA]
[zuada]
Marido: O QUÊ?!
AdM: [Vomita]
JUÍZA: Ordem! Ordem c@rAlh0! Biziu, biziu...
-SILÊNCIO-
Marido: Mas como assim?
Esposa: Sim. É verdade. Sou eu nesse retrato, antes de...Bom. Meu pai sabia...então...eu ia te contar. É isso.
Marido: Mas..Mas...
JUÍZA: Certo. Isso foi bem...chocante. Provavelmente eu não vou dormir hoje... Éééé..Os advogados têm alguma coisa a acrescentar? Não? Então ...caso encerrado. [bate com o martelo].
Marido: Mas...Mas... [em estado de choque]
AdE: Mas...ficamos sem saber quem deu o telefonema anônimo e quem deixou essa pasta com provas contra o marido aqui.
AdM: É. Ficamos. E nunca vamos saber...nunca...

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