domingo, 18 de junho de 2017

Bowling For Columbine


  O documentário escrito, dirigido e produzido por Michael Moore resgata a história de 20 de Abril de 1999. O Massacre de Columbine, como ficou conhecido na imprensa, foi uma tragédia que deixou 12 alunos e um professor mortos. Após dispararem 900 balas dentro das dependências da Columbine High Scholl, os estudantes Eric Harris e Dylan Klebold cometeram suicídio.
  O filme lançado em 2002 começa com Michael em um banco de Michigan que oferece uma arma grátis por cada conta aberta. Ainda nesse estado ele conversa com a milícia local. Esse grupo, composto por cidadãos preocupados com a segurança da cidade, tem convicções firmes a respeito do porte de arma. O cineasta é até questionado: "Quem você chama quando sua casa é invadida? A polícia, né? Pois ela está armada".
  Outras frases como "...devemos aprender a controlar a nossa ira e a nossa frustração", "Manter as pessoas com medo para que elas consumam", "Quem tem mais influência eu ou o presidente?" são ditas nesse documentário de duas noras que ainda acompanha outras duas tragédias: o atentado de Oklahoma City, que até o 11 de setembro havia sido o maior ataque do país, e o trágico caso do aluno de seis anos que atirou em uma colega de classe com um arma achada na casa do tio. As vozes de celebridades como Charlton Heston, Chris Rock e Marilyn Manson são ouvidas, bem como de anônimos que ficaram conhecidos por seu envolvimento nesses casos.
  No segmento seguinte, o filme busca esclarecer o motivo desses casos serem recorrentes no país. E também como a mídia atua, seja buscando culpados nos videgames. heavy metal e filmes ou ajudando a disseminar o medo na população. Fatores como entretenimento, pobreza e etnia são utilizados como parâmetro e a discrepância entre o percentual de mortes provocadas por armas de fogo em relação a outros países é destacado. Através desse paralelo, em particular com o Canadá, alguns levantamentos são feitos e ele chega a conclusão paradoxal que os EUA é perigoso justamente por tentar ser seguro.

Eric e Dylan na biblioteca da escola

Acho importante reproduzir aqui a linha do tempo que é exibida ainda na primeira hora:

1953: Os EUA derrubam Mossadeq, o Primeiro Ministro do Irã, e empossam o Xá.
1954: Os EUA derrubam o presidente da Guatemala, eleito democraticamente. Civis morreram.
1963: Os EUA organizam o assassinato do presidente Sul-Vietnamita Diem.
1963-1975 : O exército americano "limpa" 4 milhões de civis no Sudoeste da Ásia.
11 Setembro 1973 : Os EUA provocam um golpe de estado no Chile. O presidente Allende, democraticamente eleito, é assassinado e o ditador Pinochet é empossado. 5.000 chilenos assassinados.
1977: Os EUA mantêm o regime militar em El Salvador. 70.000 Salvadorenhos e 4 freiras americanas morrem.
Anos 80 : Os EUA apoiam Bin Laden e seus amigos terroristas contra os Soviéticos. A CIA lhes dá 3 milhões de dólares.
1981: A administração Reagan financia os "Contras". 30.000 Nicaraguenses morrem.
1982: Os USA dão milhões a Saddam Hussein para derrotar os Iranianos.
1983: A Casa Branca fornece secretamente armas ao Irã para matar os Iraquianos.
1989: Manuel Noriega, agente da CIA é feito presidente do Panamá, mas desobedece Washington. Os EUA invadem o Panamá e derrubam Noriega. 3.000 civis morrem.
1990: O Iraque invade o Kuwait com armas americanas.
1991: Os EUA entram no Iraque. Bush restabelece a ditadura no Kuwait.
1998: Clinton bombardeia uma fábrica de armas no Sudão. Fábrica que afinal fabricava aspirinas.
Desde 1991: Os aviões americanos bombardeiam o Iraque todas as semanas. Números da ONU dizem que o número de crianças iraquianas mortas, por causa das bombas ou do embargo, eleva-se a 500.000.
2000-2001: Os EUA dão 245 milhões de dólares ao regime Talibã Afegão.
11/09/2001: Bin Laden põe em prática aquilo que aprendeu com a CIA, e mata 3000 pessoas.

  Outros dados são levantados e no final, o documentário consegue proporcionar momentos únicos para sobreviventes do massacre e ainda sobra espaço para uma conversa inesquecível com o ator Charlton Heston, que 10 dias depois do atentado participou de um congresso na cidade em defesa ao armamento pessoal.
  O filme vencedor do Oscar de melhor documentário de longa metragem, em 2003, mesmo não sendo imparcial sobre o porte de armas nos Estados Unidos, proporciona uma reflexão sobre como o comportamento dos americanos está relacionado ao medo e à violência.