sábado, 16 de março de 2019

Uma viagem pelas ondas dos podcasts 


Desde 2004, Adam Curry, já distribuía seus próprios programas na internet. Com origens nas rádios FM, Curry soube aproveitar o novo espaço virtual que surgia. Por conta disso ele é considerado o pai do podcast.

Por estar historicamente ligado às rádios, é comum que um leigo pense que podcast é um “programa de rádio feito para internet”. Entretanto, as diferenças se agigantam quando há uma comparação mais aprofundada entre os dois formatos, como explica a professora universitária e apresentadora da Rádio Frei Caneca FM, Ivanice Lima.

“Um podcast é um material, sob demanda, pensado de maneira mais independente. Já um programa de rádio opera seguindo a linha editorial de uma determinada emissora”, pontuou.

Além disso, o podcast visa atingir um nicho específico, enquanto o rádio tenta ser o mais abrangente possível, pois sua audiência é medida diretamente através do confronto entre emissoras.

Periodicidade também é um fator que se diferencia entre os dois formatos. Dificilmente você vai encontrar um podcast diário. O nível de produção geralmente é mais baixo e feito com uma equipe reduzida. Até mesmo uma única pessoa pode produzi-lo. Basta ter o domínio dos programas e criatividade.


Os podcasts tupiniquins


Essa nova maneira de disponibilizar programas em arquivos de áudio, onde qualquer um poderia baixar, se espalhou como um vírus. Nos anos seguintes, mais e mais podcasts surgiram por todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.

Assim que o podcast começou a “fazer os ouvidos” dos brasileiros, vários prêmios foram criados para reconhecer os mais prestigiados produtores de conteúdo dessa nova mídia. Nessa seara de vencedores, o Nerdcast se destaca. Em 2012, o programa recebeu o Prêmio hors-concours na categoria Melhor Podcast do YouPix. Desde então, não compete mais.

O Nerdcast foi criado por Alexandre Ottoni (Jovem Nerd) e Deive Pazzos (Azaghal), em 2006, como uma extensão do blog Jovem Nerd - um portal especializado em noticiar e comentar (com muito bom humor) assuntos de entretenimento da cultura pop.

E embora quadrinhos, séries, jogos e filmes representem uma fatia grande dos assuntos abordados no meio, - além do Nerdcast, existem o Matando Robôs Gigantes, Asterisco, Papricast, Rebobinando, Rapadura Cast, UltraGeek - a podosfera* está repleta dos temas mais variados.

A Revista Piauí aborda semanalmente assuntos do meio político no Foro de Teresina. Os jornalistas podem se deleitar com o BRIO - “um podcast sobre jornalismo e jornalistas”. E quem curte futebol pode acompanhar religiosamente o Pelada na Net.


“Fiquei fascinado com aquilo”


O comediante, Rodrigo Fernandes, mais conhecido por Jacaré Banguela - nome do blog criado por ele em 2004 -  e uma das presenças mais antigas da internet, era curioso em relação à essa nova mídia, mas não se via como produtor.

No episódio 251 do Radiofobia, explicou o que o motivou a criar o Jacaré BANcast!



O ano do podcast


Desde o primeiro episódio, o Jacaré BANcast! segue a premissa metalinguística de tocar áudios dentro de outro áudio. A ficção da vida real ganha outra perspectiva nas plataformas digitais. E foi justamente a abertura dessas plataformas que impulsionou o projeto de Fernandes.

Mesmo que o termo “pod” seja uma referência ao iPod da Apple, plataformas como Deezer e Spotify abraçaram os podcasts. Isso fez com que a mídia fosse apresentada à um público mais amplo. As pessoas não precisam ir atrás de programas na internet que falem de temas específicos. Basta acessar seu tocador de música preferido e dar o play em algum programa de áudio feito para a internet.

Até a Vênus Platinada parece que se rendeu ao formato. O podcast Zorra, reúne roteiristas do humorístico televisivo da Rede Globo para bater papo com outros humoristas - e até pastores (Episódio 10).

Independente do formato, tema ou periodicidade, o podcast tem audiência cativa.




* Esfera onde se incluem todos os podcasts. Equivalente à blogosfera para os blogs.