quarta-feira, 20 de julho de 2016

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- Então você conhece uma pessoa. Uma pessoa interessante, agradável. Uma pessoa que te faz bem. Pode-se dizer que é a pessoa da sua vida.
E vocês estão juntos. É perfeito. Na verdade é mais que perfeito. É o início do "felizes para sempre". Só que a partir desse ponto mágico
duas coisas principais podem acontecer.
  A primeira é permanecerem juntos. Um casal, uma dupla, uma parceria para todos os momentos que virão. Um time que com o passar do tempo
se conhecerá por completo. Sem segredos, sem detalhes curiosos, sem novidades. A rotina que se torna cômoda. A comodidade que se torna
segurança. O inevitável desgaste natural da vida a dois. O sentimento muda. Menos intenso, menos abrasivo. Talvez até inexistente.
Porém estão juntos. Juntos até o fim da vida.
  A segunda coisa que pode acontecer é novamente o fim. Sendo esse bem antes. O fim no meio. O fim que dá espaço a outros começos - e outros
possíveis fins. É algo difícil a ser encarado. Todos os planos, promessas e sonhos são cortados de suas raízes abstratas. Essa é a possibilidade
que te poporciona imaginar o que teria acontecido. E se tivesse dado certo? E se continuasse do ponto que parou? E se fosse até o fim?
Não dá pra afirmar com certeza, mas é bem provável que se tornaria a primeira ramificação do ponto mágico. Um círculo que gira cada vez com
menos intensidade. Enfraquecido pelas próprias pessoas que o puseram em movimento.
  Acabei pintando um quadro bastante pessimista, certo? É verdade, mas isso não me deixa menos certo.
Existem ainda outras possibilidades lógicas - bem, lógicas para mim.
  A primeira é um pouco dramática. Meio shakesperiana se preferir. Abraçarem juntos a morte para tonar a chama do amor imortal.
Ao decretar o próprio fim, de uma certa forma, o que foi sempre será. Nenhum acontecimento posterior poderá mudar isso. Estará escrito
no cosmos e permanecerá eternamente apenas sendo.
  A outra possibilidade é não haver uma possibilidade. Simplesmente não existe um casal, uma dupla ou uma parceria. Nada de time.
Aquilo que não tem início nunca terá um fim. É um pouco covarde. Diria que até mais dramática que a anterior, porém válida.
 Então em resumo tem-se:
Completem a corrida e fiquem exaustos, deixem-a inacabada e sintam-se mal, estipulem seu próprio ponto de chegada, não corra.

- E se você apenas aproveitar a companhia? Sem se preocupar com os outros competidores, com a chegada e até mesmo com a própria corrida.
E se não for uma corrida? E se for apenas uma caminhada tranquila na praia? Os pés de ambos descalços enquanto sentem o vento e apreciam a paisagem.
E se bastar apenas um fragmento ínfimo desse momento pra dizer que todos fins prematuros, corridas não realizadas ou completas valeram a pena?
E se você tornar aquele ponto mágico mais mágico? Um ponto especial que existe ao mesmo tempo na largada e na chegada.

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